sábado, outubro 15, 2005

Destroços...

Castigado pelos fortes ventos Erl recolhia o que sobrou de outra sonda vinda de lá, do estranho planeta azul, como costumam falar seus irmãos e irmãs... era a segunda sonda que ali chegava em poucas semanas.
Enrolado em seu manto azul, com os olhos vermelhos a fitar o céu que parecia não importar-se com o verde de sua pele, murmurou:
Até quando? Até quando... sua voz rouca fez-se ressonar num e noutro penhasco. Porém os fortes ventos não deram-lhe resposta alguma, tão pouco as pedras vermelhas de Marte importavam-se com a farsa que mantinham os habitantes do planeta vermelho.
Continuariam sempre assim. Interceptariam uma, duas, cem, mil ou mais sondas semelhantes aquela e através de seus rústicos mecanismos enviariam para a Terra informações falsas. Informações que comprovariam não haver vida no planeta e, principalmente, que a sobrevivência humana era impossível num ambiente tão rústico.
Não correriam o risco de tornar-se colônia doutro povo ou de ceder as maravilhas e benesses de sua ciência e tecnologia a povos bárbaros, mais atrasados...


José Carlos da Silva